Chacrinha - Entrevista concedida a Veja (6/08/1969), a Tárik de Souza, na época em que é um dos maiores fenômenos da televisão brasileira. - Final
Veja - E o seu pessimismo? CHACRINHA - Não sei, não sei. Com esse negócio de Chacrinha eu perdi minha personalidade, fiquei com dupla personalidade. Sou obrigado a rir pra todo mundo, tenho que ser Chacrinha em todo canto, na rua, em qualquer lugar. Meu médico acha que sou um cara realmente nervoso, excessivamente nervoso. Veja - O que acontece quando você chega em casa e tira a roupa de Chacrinha? CHACRINHA - Não sinto nada. Eu visto aquilo com tanta naturalidade, boto e tiro a roupa com a maior naturalidade do mundo. O que acontece quando acaba um programa e chego em casa é que sinto um alívio desgraçado. Já começo a pensar no outro, porque até eu fazer o programa meu sistema nervoso está a todo vapor. E fico excessivamente nervoso antes de fazer meu programa. Veja - Você tem medo de que o seu programa caia um dia de audiência? CHACRINHA - Tenho. Por isso eu luto. Acho que todos os programas caem, não só o meu. Um dia eu outro, todos caem. O povo chega a um ponto que não gosta mais.