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15 Anos de South Park

Na metade de 2011, o personagem Stan, do desenho "South Park", estava com um dilema. Não sentia mais alegria na vida, tudo parecia chato, nem mesmo os amigos prestavam. Tudo estava tão ruim que o garoto de 10 anos só tinha uma sensação durante as 24 horas do dia: estar comendo, cheirando e vivendo com cocô.


Os espectadores, aflitos por chegarem ao fim de um episódio sem rir, foram levados a pensar que o momento desiludido de Stan era um sinal do cansaço dos criadores Trey Parker e Matt Stone com a série. Fãs esperam o pior: o fim da animação mais malcriada da televisão nos últimos 15 anos – o primeiro episódio foi ao ar em 13 de agosto de 1997.
Mas, para alívio de quem não consegue passar o dia sem uma ofensa absurda de Cartman ou as falas abafadas pelo gorro laranja de Kenny, a emissora Comedy Central anunciou a prorrogação da série até o final de 2016.
Dados da consultoria Nielsen, que mede os índices de audiência nos Estados Unidos, mostram que “South Park” continua a atrair de 2,5 milhões a 3 milhões de espectadores por episódio – base sólida de fãs, ainda que menor do que as 6 milhões de pessoas que assistiam à série durante a segunda temporada no país.
Somente no Brasil, de 2011 a 2012, houve um crescimento de 100% no número de pessoas entre 18 a 34 anos assistindo à série pelo canal VH1 – emissora que, assim como a Comedy Central, faz parte do conglomerado Viacom.
Reconhecimento nos EUA
A série é focada no cotidiano da cidade de South Park, um reduto de preconceito no interior dos Estados Unidos, onde quatro crianças se vêem tanto em situações absurdas como brincar de pirata em mares somalianos e masturbar cães, ou vivendo crises comuns da pré-adolescência na escola como bullying, lista de meninos mais bonitos e visitas à diretoria.
O segredo está no formato das histórias: cada uma com uma lição de moral no final, que é antecedida por uma série de críticas ao comportamento e à sociedade norte-americana.
Mesmo sem a força do final da década de 1990, South Park continuou a receber elogios da imprensa norte-americana. Em 2007, a série foi incluída na lista da revista "Time" como um dos 100 melhores programas de televisão de todos os tempos.
No ano seguinte, o site Entertainment Weekly pôs a criação de Trey Parker e Matt Stone em 12º lugar entre os melhores programas de TV nos últimos 25 anos.
Durante os 15 anos no ar, a série recebeu quatro prêmios Emmy -- o que não impediu que Trey Parker e Matt Stone mirassem seus canhões até mesmo contra a própria premiação, ao mostrar cenas do pai de Stan defecando em "More Crap", episódio da 11ª temporada, como se fossem momentos dignos de receberem uma estatueta.
“Muito americano”
No Brasil, a chegada do desenho aconteceu apenas em maio de 1998, com a estreia no canal de TV a cabo Multishow. Seis meses depois, as aventuras de Stan, Kyle, Kenny e chegavam à rede aberta brasileira pela primeira vez na MTV.
"Lembro que o Mantovanai, meu chefe à época, não gostou, achou muito americano e vetou a compra", conta Zico Góes, diretor de programação da emissora e responsável por trazer a animação para o canal de música – tida como uma espécie de sucessora de “Beavis & Butthead”.
"Deixei a poeira baixar e voltei à carga um mês depois. Acho que peguei o cara no contrapé, ele já não se lembrava mais", brinca Góes, que teve a permissão para adquirir a série por quase US$ 3 mil a cada episódio. Caro para os padrões da MTV Brasil, o desenho se tornou em um sucesso absoluto durante o final da década de 1990 no país.
Alvo favorito: religiões
Parker e Stone eram dois alunos do curso de cinema da Universidade do Colorado -- mesmo estado que serve como lar para a "pacata" cidade interiorana apresentada no desenho – quando se conheceram.
Em 1992, eles criaram um vídeo sobre quatro garotos que mais tarde se tornariam conhecidos no mundo inteiro. Nas imagens, um tema que mais tarde seria recorrente para os dois criadores: a zombaria com o espírito natalino (veja o vídeo abaixo).

Veja animação de 1992 que deu origem a "South Park"

Desde então, mexer com religião tornou-se uma forma de viver o sonho da imparcialidade. “Democráticos”, os episódios de “South Park” já mostraram: padres católicos pedófilos, Buda cheirando cocaína, muçulmanos terroristas e judeus perseguidos por uma legião de fanáticos por Mel Gibson.
Mas nada que se compare aos ataques frontais à Cientologia – religião defendida fervorosamente por famosos como Tom Cruise e John Travolta. As críticas às teorias do culto criado por L. Ron Hubbard no século 20 começaram no episódio “Trapped in the Closet” -- quando Stan é eleito como a nova encarnação do líder religioso.
Já na política, preocupados em não serem taxados nem como conservadores e muito menos como liberais, os dois criadores conseguiram irritar os dois lados. O episódio “I’m a Little Bit Country” é uma verdadeira tese da dupla sobre a capacidade dos cidadãos dos EUA em defenderem liberdades individuais dentro casa e, ao mesmo tempo, serem entusiastas de guerras no exterior.
Mas a criatividade – e sordidez – do desenho vai muito além: bichinhos fofos da floresta fazendo sexo entre si e louvando o diabo, bebês disputando pedrinhas de crack, e a genitália da apresentadora Oprah Winfrey carregando uma arma são apenas alguns exemplos do que as mentes de Parker e Stone são capazes.
Rivalidade com “Uma Família da Pesada”
Nos últimos anos, o estilo de humor de "South Park" é constantemente comparado ao de outra atração conhecida pelo escracho: “Uma Família da Pesada”, desenho da Fox idealizado por Seth MacFarlane.
Parker e Stone deixaram clara a aversão à série criada por Seth MacFarlane e usaram "South Park" para deixar a crítica mais clara: o especial de dois episódios “Cartoon Wars” retrata “Family Guy” como um programa com piadas descartáveis, que não ajudam na construção do roteiro.
Na trama, a cidade de South Park entra na mira de fundamentalistas islâmicos, que não se conformam com o fato da série da Fox exibir a imagem de Maomé, o profeta da fé muçulmana. Durante a corrida para salvar a cidade, Cartman acaba descobrindo que as piadas da série são criadas por marmotas.
A segunda parte do especial ainda contou com o personagem Bart, grande rosto de “Os Simpsons”, cedido pela equipe do criador Matt Groening – que também compartilha da mesma opinião de Parker e Stone sobre “Uma Família da Pesada". Em resposta ao ataque, Seth MacFarlane ironizou o fato de “South Park” gastar dois episódios inteiros para zombar de sua série.
Broadway, Hollywood e E3
Mas, de volta a 2011, a crise de Stan não foi o único motivo para que fãs temessem a falta de interesse de Parker e Stone em South Park. Na mesma época em que se especulava o fim, a peça “The Book of Mormon”, projeto da dupla com o compositor Robert Gomez, vencia nove prêmios Tony – entre elas a estatueta de melhor musical.
Rivalidade com “Uma Família da Pesada”
Nos últimos anos, o estilo de humor de "South Park" é constantemente comparado ao de outra atração conhecida pelo escracho: “Uma Família da Pesada”, desenho da Fox idealizado por Seth MacFarlane.
Parker e Stone deixaram clara a aversão à série criada por Seth MacFarlane e usaram "South Park" para deixar a crítica mais clara: o especial de dois episódios “Cartoon Wars” retrata “Family Guy” como um programa com piadas descartáveis, que não ajudam na construção do roteiro.
Na trama, a cidade de South Park entra na mira de fundamentalistas islâmicos, que não se conformam com o fato da série da Fox exibir a imagem de Maomé, o profeta da fé muçulmana. Durante a corrida para salvar a cidade, Cartman acaba descobrindo que as piadas da série são criadas por marmotas.
A segunda parte do especial ainda contou com o personagem Bart, grande rosto de “Os Simpsons”, cedido pela equipe do criador Matt Groening – que também compartilha da mesma opinião de Parker e Stone sobre “Uma Família da Pesada". Em resposta ao ataque, Seth MacFarlane ironizou o fato de “South Park” gastar dois episódios inteiros para zombar de sua série.






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