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Escolástica


Escolástica é o movimento filosófico e teológico que pretendeu usar a razão natural humana e, particularmente, a filosofia e a ciência de Aristóteles para compreender o conteúdo sobrenatural da revelação do cristianismo. Foi o principal movimento nas escolas e universidades medievais da Europa, de meados do século XI a meados do século XV.
Uma de suas atitudes comuns foi a convicção na harmonia fundamental entre razão e revelação. No entanto, nos possíveis conflitos entre ambas, a fé era sempre o árbitro supremo: a filosofia se via submetida à teologia. Esta atitude entrou em choque com a chamada teoria da dupla verdade de Averroés, que afirmava que a verdade era acessível a ambas. Mais tarde, São Tomás de Aquino estabeleceria o equilíbrio entre a razão e a revelação. Porém, os escolásticos posteriores, a começar por Johannes Duns Scotus, limitaram cada vez mais o campo das verdades passíveis de serem provadas através do entendimento. Esta tendência levou à perda de confiança na razão natural humana e na filosofia, como ficou evidente na primeira fase do Renascimento. Outra tendência comum entre os escolásticos foi sua submissão às chamadas autoridades: os grandes mestres do pensamento da Grécia e de Roma, especialmente Aristóteles e os primeiros padres da Igreja. Santo Agostinho foi sua principal autoridade em teologia.
Um dos mais importantes métodos da escolástica foi o uso da lógica e do vocabulário filosófico de Aristóteles no ensino, na demonstração e na discussão. A instrução se realizava, igualmente, comentando textos de alguma autoridade inconteste, como era o caso das obras de Aristóteles, da Bíblia e dos Quatro livros de sentenças de Pedro Lombardo. Também se recorria à técnica da discussão por meio de debate público.
Entre os escolásticos mais notáveis dos séculos XI e XII, encontram-se Santo Anselmo, Pedro Abelardo e Roscelino, tendo este fundado a escola conhecida como nominalismo. No século XIII, destacam-se São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Roger Bacon, São Boaventura e Duns Scotus. O nominalismo adquiriu relevância no século XIV com William of Occam. A escolástica renasceu na Espanha no século XVI, com Francisco de Vitoria e Francisco Suárez. O neo-escolasticismo, revitalizado pelo papa Leão XIII em 1879, teve em Jacques Maritain um de seus principais expoentes da atualidade.
Em 1998, o papa João Paulo II reafirmou a importância da filosofia escolástica para a Igreja Católica.

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