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O HÁBITO É UMA DROGA - 2ª PARTE

Outros psicólogos preferem enfatizar os aspectos autodestrutivos que acompanham a dependência. "O que diferencia o hábito do vício é que este sempre traz efeitos perigosos para a pessoa", comenta o psicólogo Peter Púrpura, de Nova York, que se dedica exclusivamente ao tratamento de pacientes obcecados por sexo. Embora desde 1987 reconhecido pela Associação Americana de Psiquiatria como enfermidade e não perversão, o desvio comportamental dos sexólatras só ganhou notoriedade recentemente, graças ao ator Michael Douglas. Depois de ter sido elogiado pela atriz Sharon Stone por seu desempenho nas cenas quentes do filme Instinto Selvagem, Michael internou-se numa clínica no Arizona para tentar conter a fonte daqueles elogios: uma incontrolável tendência à promiscuidade. Há quem diga que o ator arrumou apenas uma desculpa após ser flagrado pela mulher, Diandra, praticando o vício com outra.

Mas dependentes de sexo existem, apesar de ser um mal menos aberrante que o voyeurismo ou o exibicionismo. "Tive um paciente que mantinha dez relações por dia", lembra o terapeuta Haruo Okawara, diretor da Clínica Kinsey de São Paulo, instituição para tratamento de problemas com a sexualidade. O impressionante é que tamanha virilidade não resultava em prazer. "As duas mulheres que viveram com ele nunca atingiram o orgasmo", diz Okawara. "O sexólatra não busca o prazer da parceira ou o seu. A fixação é repetir o ato, mesmo que fria e mecanicamente."

Ainda é cedo para se falar em consenso quando se trata de explicar por que as pessoas se apegam a uma atividade a ponto de se tornarem viciadas. Para os especialistas, seria fruto de uma neurose ou perturbação mental, mas enquanto os psicanalistas procuram a causa na infância, os psicólogos falam em falta de autocontrole. "Não dá para generalizar as razões. É lógico que uma personalidade mais desenvolvida tem melhores condições de evitar a dependência", diz Sérgio Bettarello. Já um caráter frágil, em vez de superar o obstáculo, se refugia numa ação, como a de comer muito, por exemplo. E vai recorrer a essa "bengala" sempre que encontrar transtornos, criando assim a compulsão.

Em comum, apenas uma certeza: normalmente, são atividades prazerosas que ensejam a dependência. O que não é difícil de entender: se não sentíssemos certa satisfação em comer, por que iríamos nos alimentar? Mas em que consiste esse prazer, que às vezes pode ser tão pernicioso?

Os bioquímicos têm uma teoria interessante para responder a essa pergunta, graças à descoberta da endorfina, um hormônio segregado no tecido cerebral capaz de gerar efeitos euforizantes parecidos com os das drogas. A endorfina entra em ação toda vez que uma pessoa se vê em situações tensas. Numa mesa de roleta, por exemplo, somos capazes de sentir a mesma euforia de um cocainômano drogado: aumento das pulsações, suor intenso etc. No entanto, se os viciados em determinados tipos de comportamento produzem maior quantidade de endorfina, é algo que os cientistas não garantem.

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