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O HÁBITO É UMA DROGA - 1ª PARTE

 

Embora muitos achem que tudo não passa de exagero dos psicólogos, coisas inocentes como comida, trabalho ou compras podem se tornar vícios tão fortes quanto as drogas ou o álcool.

"Fui viciada em comer. Lembro que esvaziava a geladeira num abrir e fechar de olhos. Quando não dava mais para continuar comendo, me angustiava, ia ao banheiro e vomitava para comer de novo." Foi assim que a atriz Jane Fonda descreveu os sintomas da enfermidade com a qual conviveu dos 12 aos 36 anos: a bulimia. Quem é vitimado por ela não consegue parar de ingerir alimentos e, caso não o faça, entra em um estado de angústia para o qual só há um remédio: voltar a abrir a geladeira. Quando o estômago está a ponto de explodir, a vítima simplesmente vomita e segue comendo.

Embora seja difícil acreditar que algo tão inofensivo quanto um delicioso sanduíche possa causar dependência, o fato é que pode. E mesmo que não sejam poucos os céticos para quem esse tipo de preocupação não passa de mais uma invencionice de psicólogos interessados em propor novas e extravagantes teorias, a maioria dos especialistas é enfática: coisas simples e corriqueiras como trabalho, sexo e comida são capazes de escravizar uma pessoa. Em certos casos, chegam a se tornar um vício tão irresistível e destrutivo quanto drogas ou bebidas, com direito inclusive à síndrome de abstinência.

Como a polícia não prende ninguém por porte de empadinhas ou coxinhas, em geral esse tipo de dependência passa despercebido no turbilhão da normalidade. "Nunca falei no assunto", conta Jane Fonda, que só revelou sua antiga fraqueza em 1989, aos 52 anos. "Mas mudei minha atitude porque descobri que de 20 a 30% das mulheres americanas são bulímicas." Os médicos vão além: para eles, essa compulsão pode ser associada a 70% dos casos de obesidade, e a comida está para os bulímicos como a droga para os toxicômanos.

"Distúrbios alimentares são comuns e sua origem costuma estar relacionada com lembranças da infância", revela o psiquiatra paulista Sérgio Bettarello, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, citando um exemplo simples para ilustrar a teoria: "Quando um bebê chora, geralmente a mãe lhe dá a mamadeira, o que acaba estabelecendo uma relação entre segurança e alimento. Se no futuro essa pessoa procurar o antigo conforto da comida para compensar frustrações, isso não será estranho."

A comilança não está sozinha no cenário da tentação compulsiva. "Todos os comportamentos podem se converter em droga", já garantia, na Idade Média, o médico suíço Teofrasto Paracelso. A questão é descobrir qual a fronteira entre a atitude normal e a impulsiva. Para o psicólogo alemão Werner Gross, especialista no assunto, são quatro as marcas que separam enfermos e normais: o doente sempre perde o controle quando se entrega a uma atividade; quando não a realiza, sofre síndrome de abstinência; sua dependência cresce com o passar do tempo; e, finalmente, perde o interesse por tudo, menos pelo vício. Quando estas características estão presentes, estamos diante de um viciado.

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