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Linguagem simbólica - Parte 1

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O cientista cognitivo Steven Pinker apresenta uma boa tentativa de explicar a metáfora, mas a sua crença em que os cérebros funcionam como computadores revela-se uma grande limitação

John Cornwell

Steven Pinker começa um capítulo-chave do seu novo livro, "The Stuff of Thought" (algo como "O Material que Compõem o Pensamento"), destrinchando a declaração de independência dos Estados Unidos para revelar as metáforas que há por detrás das abstrações. Segundo ele, o próprio título, "declaração", dá a idéia da tarefa de clarificar, esclarecer, dissipar a obscuridade. Além do mais, segundo ele, as colônias estariam conectadas por "faixas" à Inglaterra, faixas estas que seria necessário "dissolver" a fim de promover uma "separação".

Segundo Pinker, na análise final, as metáforas aludem a uma única metáfora não declarada: alianças são ligações, que podem crescer, formando vínculos de várias camadas, como os laços familiares, mas que podem também imobilizar como algemas. A partir daí, Pinker dá início a uma discussão sobre os mecanismos subjacentes à metáfora.

Durante os últimos 20 anos, Pinker tem escrito livros de sucesso, como "The Language Instinct" ("O Instinto da Linguagem", editado no Brasil pela Martins Fontes) e "The Blank Slate" ("Tábula Rasa: A Negação Contemporânea da Natureza Humana", Companhia das Letras), que falam sobre a linguagem, o pensamento, a memória e a identidade humana à luz da neurociência, da pesquisa em inteligência artificial e da lingüística. Neste novo livro o autor se concentra pela primeira vez nos reinos da imaginação - a criação de metáforas. Como é que nós aglutinamos imagens e idéias totalmente diferentes a fim de criar analogias notáveis, promovendo, desta maneira, novas compreensões e idéias?

Pinker, que atualmente é professor de psicologia da Universidade Harvard, veio do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde a ciência da computação é desenvolvida há três décadas em conjunto com a lingüística e a psicologia. A sua imagem dominante do relacionamento mente-cérebro é o computador: para ele os neurônios não são mais essenciais para os fenômenos do pensamento e da consciência do que as penas são para o vôo. Assim sendo, ele discorda de neurocientistas como Gerald Edelman, que acredita que a mente só pode ser entendida por meio da neurofisiologia. Porém, Pinker concorda com Noam Chomsky, que afirma que a linguagem é limitada por uma gramática inata da estrutura mente-cérebro, mas, ao contrário de Chomsky, argumenta que esta gramática é moldada por forças evolucionárias.

Ler Pinker falando sobre a metáfora é como embarcar em uma jornada trabalhosa através de um prodigioso dicionário de trocadilhos, jogos de palavras e duplos sentidos. Ele acredita que a nossa capacidade de criar e entender metáforas se baseia naquilo que ele chama de "semântica conceitual", uma estrutura de conceitos básicos inatos que distingue categorias físicas opostas como vir e ir, humano e não humano, animado e inanimado, passado e futuro, causa e prevenção. Esses conceitos são cobertos e elucidados por linguagem e imagem, mas os precedem.

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