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Escolas budistas preocupadas com futuro no Brasil


Buscar o desenvolvimento de novas atividades nos templos tem sido uma maneira encontrada por algumas escolas budistas nipônicas tradicionais no Brasil a fim de se inserir em uma nova realidade e garantir sua sobrevivência no futuro. Com essa preocupação, a Soto Zen, desde 1955 instalada no País, vem diversificando sua atuação, incluindo atividades culturais ligadas ao zen. "Além da meditação Zazen e das cerimônias memoriais, promovemos exposição de ikebana e shodô a idéia é introduzir também o haikai. Além disso, temos um curso aberto de culinária shojin, que não utiliza carne, produzida exclusivamente nos templos, e estamos realizando casamentos budistas", afirma o monge regular da Soto Zen, Francisco Handa.

As escolas budistas tradicionais nipônicas, ou seja, as que possuem mais de 800 anos de existência, chegaram ao Brasil depois da 2ª Guerra Mundial, nos finais da década de 40 e início de 50, em virtude das várias solicitações dos imigrantes japoneses e tinha como função realizar cerimônias memoriais para os antepassados. Mas com as mudanças ocorridas ao longo dos anos tanto na sociedade brasileira quanto na comunidade nikkei é importante, de acordo com Handa, que as mesmas não fiquem restritas apenas a essa função inicial.

"As escolas do budismo nipônico tradicional precisam se adaptar a uma nova realidade, apresentando algum diferencial, pois se ficarem restritas apenas à realização dessas cerimônias memoriais, existe uma grande possibilidade de que daqui a 10 ou 20 anos muitos templos percam sua função", questiona Handa.

Um estudo de 2005 do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas denominado "Retratos das Religiões no Brasil" revelou que 0,1386% da população brasileira havia se declarado budista. No entanto, de acordo com Handa, é difícil avaliar com exatidão o número de budistas no País. Para o monge, existem muitos simpatizantes, mas que não são efetivamente comprometidos com a prática budista. Na Soto Zen, por exemplo, segundo ele, os praticantes comprometidos giram em torno de 30 pessoas, sendo a maioria composta por não-nikkeis. Um dado curioso é que os nikkeis procuram o templo para culto aos antepassados, enquanto os não-descendentes vão em busca da prática de meditação.

"Para ser um budista, é preciso ser praticante. A pessoa deve seguir preceitos básicos como diminuir o ego, praticar a compaixão e estar comprometido com a iluminação. Ela deve incorporar esse comportamento no dia a dia adotando uma forma diferenciada de viver", afirma Handa.

Pontos como harmonia, equilíbrio e felicidade transmitidas pelo budismo, na opinião do monge, podem explicar a simpatia por essa religião não só no Brasil, mas no ocidente em geral. "O budismo não é uma religião monoteísta e nem fundamentalista. As pessoas não procuram a escola budista para curar doenças, ficar rico ou ter sucesso profissional, mas sim com o objetivo de buscar respostas para a sua questão existencial", revela o monge.

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