Pular para o conteúdo principal

Entrevista do Mês: Roger Waters (Pink Floyd) - Parte 1


Em 1985, Roger Waters anunciou o fim do Pink Floyd. David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason pensavam diferente. O caso foi parar na Justiça britânica. Com a iminência da derrota, Waters, resignado, fez um acordo extrajudicial e o Pink Floyd, tocado por seus outros integrantes, seguiu em frente. Vinte anos depois, Waters reclama o legado do grupo para si.
Baixista, fundador e principal compositor do Pink Floyd entre 1968 e 1985 (entre 1965 e 1967, a banda era levada principalmente por Syd Barrett, que deixou o Floyd nessa época; ele morreu no ano passado), Waters se apresenta no Brasil nos próximos dias 23 (na praça da Apoteose, no Rio) e 24 (estádio do Morumbi, em São Paulo).
Ele já tocou no país -em 2003. Mas, desta vez, retorna com um projeto especial: além dos antigos sucessos de seu ex-grupo, tocará todas as canções de "Dark Side of the Moon", emblemático disco de 1973 do Pink Floyd. Escorado por músicas como "Money", "Breathe", "Time" e "The Great Gig in the Sky", o "álbum com a capa do prisma" tornou-se um ícone da cultura pop.
"Dark Side..." já havia sido apresentado ao vivo, na íntegra, pelos "outros" do Pink Floyd, em 1994. Para Roger Waters, é um fato que praticamente não existiu. Trinta e quatro anos depois, ele se coloca como o real autor do disco -e justifica dizendo ser o principal compositor e arranjador das canções.
Aos 63 anos, articulado, sua voz serena não combina com os disparos que têm como alvo seus ex-companheiros de banda, os punks e até mesmo Syd Barrett, cuja posição dentro da história do Pink Floyd é relativizada por Waters. A seguir, a entrevista concedida à Folha, por telefone.


FOLHA - Os shows no Brasil terão a mesma produção dos shows europeus, com luzes, efeitos?
ROGER WATERS - Os shows serão ainda mais desenvolvidos. Temos um enorme telão de última geração e um novo tipo de projeção de luzes e imagens que utilizaremos durante a execução das músicas de "Dark Side of the Moon". Isso vai estrear na próxima sexta [hoje] no México. É meio... dramático. Acho que vão gostar.
FOLHA - Você consegue recriar ao vivo todas as particularidades das músicas de "Dark Side..."?
WATERS - Você pode ir à internet e ler as críticas. Verá que fazemos isso perfeitamente. Trato "Dark Side..." quase como uma peça erudita. Sou bem fiel ao disco. Nos shows, sinto que há uma comunhão entre os fãs, eles conhecem o disco muito bem e apreciam o fato de que quem está lá sou eu. Pois eu escrevi as letras e arranjei a maior parte das músicas. Mais de 30 anos depois, as pessoas ainda se empolgam com essas canções.

FOLHA - O que "Dark Side..." tem de tão especial para você tocá-lo por inteiro hoje?
WATERS - É um disco musicalmente avançado, foi um ato corajoso lançar algo do tipo à época. Liricamente, os sentimentos que eu tinha em 1973 ainda são relevantes para as pessoas hoje. É sobre não se acomodar com o que está aí, não desistir de suas convicções, resistir às pressões... É sobre situações que estão muito mais presentes hoje do que anos atrás. Não quero soar pomposo, mas acho que as novas gerações simpatizam com o teor político e filosófico do disco.

Comentários

Postagens Mais Lidas

literatura Canadense

Em seus primórdios, a literatura canadense, em inglês e em francês, buscou narrar a luta dos colonizadores em uma região inóspita. Ao longo do século XX, a industrialização do país e a evolução da sociedade canadense levaram ao aparecimento de uma literatura mais ligada às grandes correntes internacionais. Literatura em língua inglesa. As primeiras obras literárias produzidas no Canadá foram os relatos de exploradores, viajantes e oficiais britânicos, que registravam em cartas, diários e documentos suas impressões sobre as terras da região da Nova Escócia. Frances Brooke, esposa de um capelão, escreveu o primeiro romance em inglês cuja ação transcorre no Canadá, History of Emily Montague (1769). As difíceis condições de vida e a decepção dos colonizadores com um ambiente inóspito, frio e selvagem foram descritas por Susanna Strickland Moodie em Roughing It in the Bush (1852; Dura vida no mato). John Richardson combinou história e romance de aventura em Wacousta (1832), inspirada na re

Papel de Parede 4K

Chave de Ativação do Nero 8

1K22-0867-0795-66M4-5754-6929-64KM 4C01-K0A2-98M1-25M9-KC67-E276-63K5 EC06-206A-99K5-2527-940M-3227-K7XK 9C00-E0A2-98K1-294K-06XC-MX2C-X988 4C04-5032-9953-2A16-09E3-KC8M-5C80 EC05-E087-9964-2703-05E2-88XA-51EE Elas devem ser inseridas da seguinte maneira: 1 Abra o control center (Inicial/Programas/Nero 8/Nero Toolkit/Nero controlcenter) nunca deixe ele atualizar nada!  2 Clic em: Licença  3 Clica na licença que já esta lá dentro e em remover  4 Clica em adcionar  5 Copie e cole a primeira licença que postei acima e repita com as outras 5

Como funciona o pensamento conceitual

O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage (associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras: • um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um ser, referindo-se a esse ser e somente a ele; • um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a compreensão intelectual delas; • um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento; • um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem organizam a experiência nela mesma, mas, p

Wallpaper 4K (3000x2000)

Inteligência & Linguagem

Não somos dotados apenas de inteligência prática ou instrumental, mas também de inteligência teórica e abstrata. Pensamos. O exercício da inteligência como pensamento é inseparável da linguagem, como já vimos, pois a linguagem é o que nos permite estabelecer relações, concebê-las e compreendê-las. Graças às significações escada e rede, a criança pode pensar nesses objetos e fabricá-los. A linguagem articula percepções e memórias, percepções e imaginações, oferecendo ao pensamento um fluxo temporal que conserva e interliga as idéias. O psicólogo Piaget, estudando a gênese da inteligência nas crianças, mostrou como a aquisição da linguagem e a do pensamento caminham juntas. Assim, por exemplo, uma criança de quatro anos ainda não é capaz de pensar relações reversíveis ou recíprocas porque não domina a linguagem desse tipo de relações. Se se perguntar a ela: "Você tem um irmão?", ela responderá: "Sim". Se continuarmos a perguntar: "Quem é o seu irmão?", ela r