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Medicina Ayurveda - Parte 3

A busca da pureza

O segredo da saúde, nessa medicina, é reconhecer, eliminar e reduzir a captação de toxinas, que bloqueiam o fluxo da energia vital. É claro que um médico pode fazer muito para que cheguemos lá, mas o auto-estudo é fundamental: cada um precisa aprender a ligar seu próprio detector de venenos.
Na guerra às toxinas, a meditação é arma obrigatória, indicada como prática diária para higienizar a mente. A dieta alimentar, que é adequada a cada dosha, é outra forma de controlar o acúmulo de impurezas.

Acontece que um filme de ação pode ser mais tóxico que uma feijoada - isso depende da sensibilidade de cada um. Podemos não perceber como a saúde é afetada por uma cena na TV ou uma palavra atravessada, mas o saber hindu dá extrema importância ao que entra pelos buracos da nossa cabeça. Como é através dos sentidos que se conversa com o universo, as práticas da ayuverda querem refiná-los, para que sempre extraiam do meio um máximo de energia e um mínimo de toxinas. Natural que a massagem tenha tanta ênfase: a pele, além de ser nossa proteção, é o maior órgão dos sentidos.

Massagem na alma

Você pode ler a teoria, mas outra coisa é deitar, fechar os olhos e se entregar, por exemplo, ao conforto que vem de um fio de óleo morno, descendo contínua e lentamente sobre a testa. Esse toque curativo, sem mãos, chama-se "shirodara" e é só isso mesmo: sobre a cabeça do felizardo, a tigela presa a um suporte verte um preparado de ervas medicinais.

Na sessão, a percepção vai sendo atraída, suavemente, para o ponto, entre as sobrancelhas, que está sendo acariciado pelo calor e a viscosidade do líquido. O relaxamento é tanto que há um vislumbre de expansão de consciência, talvez porque o estímulo esteja localizado na região conhecida como "terceiro olho" o chakra ligado à nossa espiritualidade.

Naqueles 60 minutos, nada mais existe, só o prazer de estar ali. Não há turbulência mental que resista ao poder de shirodara. A técnica harmoniza os hemisférios cerebrais, combate estresse, depressão e insônia.

Todo mundo merece, também, passar pela "abhyanga" (que significa "mãos amorosas"), a massagem ayurvêdica mais difundida. A pessoa é banhada em muito óleo morninho e tem os dois lados do corpo friccionados ao mesmo tempo, por quatro mãos sincronizadas.

A técnica, usada para acelerar a liberação de toxinas e fortalecer o sistema imunológico, tem uma versão de automassagem, para ser feita todo dia, e uma dedicada aos bebês.

E é mesmo como um bebê que a pessoa é recebida e cuidada, na versão da abhyanga a quatro mãos. É fácil regredir ao útero em meio a tanta proteção, num leito quente e inundado de óleo. As manobras ritmadas dos terapeutas, um à esquerda, outro à direita da maca, dão mais coerência ao corpo. É como se tudo se encaixasse quando os seus dois lados ganham toques simultâneos. É como se você deixasse de ser cabeça, tronco e membros para se sentir um todo.

Outra delícia é a massagem que ativa os "marmas", os centros de energia vital onde os tecidos do corpo se encontram, na definição do doutor Bokulla. Os marmas, também vistos como elos entre matéria e consciência, correspondem aos pontos trabalhados na medicina chinesa.

Como há por aí um uso não lá muito ético do nome da ayurveda, antes de deitar e relaxar é melhor perguntar como, onde, com quem e em quanto tempo o massagista se formou. Não custa saber que o Estado de Keralla, no sul da Índia, é o berço e a cena dessa ciência; que a Califórnia é o grande centro de estudos e difusão; que os médicos norte-americanos David Frawley e Vasant Lad são os únicos ocidentais considerados no métier e, principalmente, que ninguém vira terapeuta ayurvêdico após um workshop de fim de semana.

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